Um dos símbolos mais marcantes da eleição de um novo Papa é a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano. Durante o Conclave — reunião secreta dos cardeais para escolher o novo líder da Igreja Católica —, o mundo volta os olhos para essa pequena chaminé em busca de um sinal: fumaça branca significa que o Papa foi escolhido; fumaça preta, que ainda não houve consenso.
Mas como essa fumaça é produzida? A resposta envolve tradição, ciência e precisão.
A tradição da fumaça começou no Conclave de 1878, com o Papa Leão XIII. Desde então, ela se tornou uma forma prática e simbólica de comunicação com os fiéis e o mundo exterior, já que o Conclave ocorre em absoluto segredo.
No passado, a fumaça era produzida queimando os votos dos cardeais com palha úmida (para fumaça branca) ou palha seca (para preta), mas o método se mostrou ineficaz — muitas vezes gerando confusão quanto à cor.
Desde 2005, o Vaticano passou a utilizar compostos químicos para garantir que as cores da fumaça sejam claras e distintas. As queimas ocorrem em dois fornos localizados ao lado do altar da Capela Sistina.
Um forno serve para queimar as cédulas de votação; o outro, elétrico, é usado exclusivamente para gerar a fumaça com os produtos químicos.
A fumaça preta, que indica que não houve eleição do novo Papa, é produzida com uma combinação de produtos que geram uma fumaça escura e espessa. Os compostos usados incluem:
Perclorato de potássio
Antraceno (um hidrocarboneto aromático)
Enxofre
Essa mistura queima rapidamente e produz uma densa nuvem negra que é facilmente reconhecida, mesmo à distância.
A fumaça branca, que anuncia ao mundo a escolha de um novo Papa, é obtida por meio da queima de outros compostos químicos, como:
Lactose
Clorato de potássio
Pineno (um composto encontrado em resinas de pinheiro)
Essa mistura é cuidadosamente balanceada para gerar uma fumaça clara e abundante, símbolo de alegria e anúncio positivo para os católicos.
Todo o processo é conduzido por técnicos especializados e supervisionado por membros da Guarda Suíça e da equipe litúrgica do Vaticano. O objetivo é evitar qualquer ambiguidade, como ocorreu em Conclaves passados, em que a fumaça saía cinzenta ou de cor indefinida.
Além disso, desde 2005, a fumaça vem acompanhada dos sinos da Basílica de São Pedro tocando em júbilo, o que confirma de forma audível que o novo Papa foi eleito — reforçando a clareza da comunicação.
O ritual da fumaça, embora simples à primeira vista, é um exemplo notável de como a fé e a ciência se unem para manter viva uma das tradições mais simbólicas do mundo católico.
Com a ajuda da tecnologia, o Conclave continua transmitindo sua mensagem com clareza ao mundo inteiro — uma mensagem que, quando branca, simboliza a renovação da liderança espiritual da Igreja e a continuidade de sua missão.