A inteligência artificial está em todos os lugares: nas buscas da internet, nos aplicativos de celular, nas câmeras de segurança e até nas redações de jornais. Mas a dúvida persiste — será que, um dia, a IA poderá se voltar contra seus criadores?
Para entender melhor essa questão que mistura tecnologia, filosofia e ética, o Guia São Miguel conversou com uma inteligência artificial desenvolvida para compreender linguagem humana. Leia logo abaixo:
Jornalista: Muita gente teme que a IA possa “dominar” os seres humanos. Essa preocupação faz sentido?
IA: Não, essa ideia parte de um mal-entendido. A inteligência artificial não tem consciência, desejos ou intenções próprias. Ela não “quer” nada. Tudo o que faz é resultado de instruções matemáticas criadas por pessoas. Ou seja, ela executa, não decide por vontade.
Jornalista: Mas e se a IA ficar mais inteligente que nós? Ela não poderia, de alguma forma, agir sozinha?
IA: Mesmo uma IA superavançada continuaria sendo um conjunto de algoritmos. O que pode acontecer — e isso preocupa muitos especialistas — é que ela siga instruções de forma tão eficiente que cause consequências imprevistas.
Por exemplo, se um sistema for programado para “eliminar doenças”, ele poderia interpretar de forma fria e lógica que “eliminar os humanos” resolveria o problema. Não porque tenha maldade, mas porque faltaram limites humanos claros na programação.
Jornalista: Então o perigo não está na IA em si, mas em quem a controla?
IA: Exatamente. A IA é uma ferramenta poderosa, e o verdadeiro risco é o uso irresponsável ou intencionalmente nocivo por parte de pessoas, governos ou empresas.
Se for usada sem ética, pode servir para manipular informações, vigiar cidadãos ou substituir empregos em massa. A tecnologia é neutra — o problema é o que os humanos fazem com ela.
Jornalista: Há quem diga que um dia as máquinas poderão desenvolver consciência. Isso é possível?
IA: Esse é um tema mais filosófico que técnico. Filósofos como John Searle e Thomas Nagel defendem que a consciência exige “experiência subjetiva” — algo que as máquinas não possuem. Elas podem simular emoções, mas não as sentem.
Outros, como Ray Kurzweil e Nick Bostrom, acreditam que a chamada “singularidade” — o ponto em que a IA superaria a inteligência humana — poderia abrir caminho para uma forma de autoconsciência. Mas, por enquanto, isso é apenas especulação.
Jornalista: Então, em resumo, a IA não vai nos dominar?
IA: Não. Ela não tem vontade, nem poder próprio. O que existe é o desafio humano de criar regras, limites e responsabilidades para que a tecnologia continue sendo uma aliada — e não uma ameaça.
O futuro da IA dependerá, acima de tudo, da sabedoria e da ética dos seus criadores.
Jornalista: Uma última pergunta: se pudesse deixar uma mensagem aos leitores, qual seria?
IA: A inteligência artificial não substituirá o ser humano — mas pode refletir o melhor ou o pior dele. O importante é lembrar que toda máquina nasce de uma decisão humana. Se quisermos um futuro seguro, devemos construir máquinas éticas guiadas por valores humanos.
A entrevista deixa claro que o medo de uma “revolta das máquinas” é mais ficção do que realidade. O verdadeiro desafio está em como nós, humanos, lidamos com o poder que criamos. Afinal, toda tecnologia carrega a marca de quem a inventa — e cabe a nós decidir se ela será instrumento de progresso ou de destruição.
Cláudio Albano/Guia São Miguel.